terça-feira, 15 de março de 2011

Importância do lobo ibérico para os ecossistemas

Lobo Ibérico

   Tendo em conta que o nosso projecto se centra na cooperação entre Homem e Animal há que dar destaque às espécies selvagens que integram o complexo ecossistema do qual o Ser Humano depende. Algumas destas espécies presentes em território nacional encontram-se em acentuado declínio estando perto da extinção, é o caso de algumas tão emblemáticas como o lince ibérico (Lynx pardinus), a águia-real (Aquila chrysaetos) e o lobo ibérico (Canis lupus signatus).

    É deste último que iremos tratar nesta publicação. Poder-se-ia fazer referência a tantos outros animais que correm o sério risco de desaparecer de Portugal mas iremos, por agora, falar em particular desta espécie que tem sido alvo ao longo dos séculos de grande perseguição por parte do Homem. Facto este que se deve, principalmente, aos mitos que têm os seres nocturnos como símbolos de agoiro e portanto, ao quase completo desconhecimento das suas verdadeiras características e etologia, mas também por ser o lobo um predador de topo, causando em certas circunstâncias prejuízos àqueles que vivem da criação de gado.
    É indispensável saber que os ecossistemas são muito frágeis e complexos, sendo constituídos por elaboradas relações entre os seres vivos e o meio bastando, por isso, uma leve perturbação para levar ao desequilíbrio e à sua consequente decadência. Cada espécie animal e vegetal desempenha uma função de grande importância: tanto os decompositores como os produtores e consumidores de primeira, segunda ou terceira ordem contribuem, de um modo mais ou menos determinante, para o equilíbrio do meio em que vivem. Todos os seres estão, deste modo, interligados, não ocorrendo, numa situação de harmonia, uma espécie “a mais”.
    No entanto, as actividades antropogénicas têm alterado esta situação. O Homem, ao longo dos tempos tem vindo a modificar o mundo à sua volta e tal traz consequências maioritariamente nefastas para o meio natural. Com a agricultura e a pastorícia reduziu as áreas de bosques onde o lobo costumava habitar, com a caça reduziu igualmente as suas presas, o corço, o veado e o javali. Deste modo, o lobo para subsistir necessitou de atacar o gado e assim foi perseguido até perto da sua extinção, existindo actualmente somente 300 indivíduos em Portugal.
    Sendo
, como já foi referido, um predador de topo, desempenha uma função capital para o ecossistema em que se insere e para a sua manutenção. Só com predadores como este se podem manter populações realmente sadias e a diversidade dos seres vivos.
    O nosso país é na verdade considerado um hotspot da biodiversidade, tal designação é bastante positiva e ilustra a necessidade de protecção e conservação da vida animal e vegetal existente em Portugal. Além das questões morais e éticas a que tal diz respeito também se podem referir factores económicos: o turismo de Natureza e outros com o qual estão relacionados, quando bem regularizados por normas rígidas, originam receitas bastante significativas.
    Desta forma, entre o Homem e o lobo não deve existir uma relação de conflito, apenas geradora de problemas e desequilíbrio, mas de “cooperação”, capaz de trazer benefícios a diversos níveis de modo mais ou menos directo.

Ana Gonçalves
 Para conhecer o lobo ibérico:
 http://naturdata.com/Canis-lupus-6691.htm

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